terça-feira, 14 de agosto de 2012


“Em momentos choro, sorrio, brinco, desapareço, faço questão de voltar, luto, esqueço e deixo pra lá. Em momentos sou poesia, um livro roubado da biblioteca, um ingresso da bilheteria. Quem sabe até um café com gelo, um chá, jornal ou apenas sou. Sem essa de ilusionismo, ora passo a ser também quem não sou ou nunca fui. Ora sou o fulano, ciclano, ora sou ninguém e até mesmo o meu além. Quem eu sou eu não sei, quem eu fui eu descobrirei. Em momentos conto uma piada e em outros dou risada de mim mesmo. Olhar no espelho e não saber quem é aquele reflexo embaçado, aquela carta rasgada fora do baralho, a escuridão sombria soando solidão. Sou a saudade em um poeta, em um coração, pela morte de um parente, amigo ou irmão. Pela morte de si, eu sou confusão. Digamos, um abismo, uma metamorfose. Quem sou eu, quem eu sou. O ninguém, o cara do cabelo mal penteado, o desleixado, o carinha do sétimo andar que finge disfarçar um olhar com o jornal estampado no rosto. Em momentos chego perto de não ser, sendo o nada ou sendo o tudo. Quem sabe qual é o sentido do ser? Quem é mesmo você? Passo a ser a lágrima no olho de um andarilho, o sorriso mal feito no rosto do palhaço, a pobreza, a riqueza. A poesia em um verso borrado, na folha amassada, nas palavras que juntas formam uma canção. Esse sou eu, com uma pitada de confusão.”

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